Quando estamos sentados ao lado da morte, numa sala de espera, no silêncio do medo, tentamos procurar alguma coisa que faça sentido na nossa vida.
Procurar DEUS é uma delas.
Então naquela sala de espera, naquele segundo eu fiz o que tinha que ser feito… procurei DEUS…e o que encontrei é o que vos vou contar a seguir.
Não sei se o DEUS que eu encontrei será o mesmo que o vosso. Mas o meu DEUS não é esse que anda ai nas bocas do mundo.
Não é o DEUS de …”Seja como DEUS quiser “, “Seja feita á vontade de DEUS”, “DEUS te perdoe.
Não é aquele homem de barbas brancas, como diz o meu primo mais novo. Aquele que nos castiga, nos perdoa, que nos faz as vontades se pedirmos muito.
Toda a minha vida estive rodeada por um DEUS que no meu entender era um ser com poderes sobrenaturais que mandava no mundo e em nós.
Mas não! Esse não é o meu DEUS!
Eu posso não ter entendido nada e ser, neste momento, a pessoa mais errada do planeta terra, mas eu encontrei DEUS em mim e em TI!
Encontrei DEUS nos médicos, enfermeiros, família, amigos, desconhecidos, eu encontrei DEUS aqui e ali e ali e do outro lado.
Encontrei DEUS na ponta do bisturi, na lágrima, na folha que cai sobre o parapeito da janela, na chuva de verão, no calor do inverno, no por do sol, nas ondas do mar, no centro da cidade, no meu da confusão, dentro da multidão.
Eu finalmente entendi que tudo é DEUS.
Eu não peço mais perdão ao ceú eu peço-te a ti porque te magoei.
Amar a DEUS sobre todas as coisas. Como é isso possível? Deus é todas as coisas!
Daquele dia em diante eu deixei de usar a palavra DEUS. Porque DEUS para mim é pau e pedra, fogo, ar, terra, carne, amor, sabedoria, ingenuidade, cão, gato, homem, mulher, tudo e todos.
EU sou DEUS e tu es DEUS.
Mesmo tendo encontrado DEUS havia ainda tanto para descobrir e perguntar.
Mas…o mundo encarrega-se de nos levar onde nós precisamos, sem entender bem porque, eu dei por mim sentada, numa sala, a assistir a uma palestra, sobre DEUS!
O motivo pelo qual eu fui á palestra era outro, o tema inicial da palestra era meditação, mas a única coisa sobre a qual meditei foi sobre aquela explicação magnifica que estava a ouvir.
Um senhor calmo e sereno encontrava-se em frente de um pequeno numero de gente e com a paciência de professor primário a ensinar as letras ás crianças ele deu-nos uma magnifica explicação de como podemos entender, visualizar DEUS ou como ele chamou e eu adorei a energia divina. Da explicação dele isto foi o que eu entendei. Espero que vós ajude!
Vamos imaginar uma esfera de luz, luz forte, intensa, mesmo por cima das nossas cabeças essa luz ilumina todo o nosso corpo. Ela alimenta-nos e alimenta-se da nossa energia. Estamos ligados ela permanentemente. O que sentimos é amor, bondade, serenidade, paz. E quanto mais sentimos isso mais energia existe a alimentar essa esfera de luz.
Como somos seres de amor vamos partilhar essa esfera de luz e a nossa energia com a pessoa que está ao nosso lado e a pessoa do lado com a outra do outro lado.
Nesse momento essa esfera está por cima de todos nos e todos estamos ligados a ela. Ela sai daquela sala e estende-se por toda a cidade, pais, continente, planeta, universo e por onde nos nem imaginamos.
Ai todos os seres deste e outro mundo estão ligados entre si e todos fazemos parte dessa energia divina.
Quanto mais amor existir mais essa energia intensifica melhor comunicamos com os outros seres do mundo. Quando digo seres digo tudo. Desde a pessoa á pedra.
Para mim essa esfera de luz é DEUS! Todos fazemos parte dessa esfera por isso todos somos DEUS.
Estarei errada? Será melhor entender DEUS como o punidor, será melhor pedir perdão a ele quando pisamos ou outros? Será?
sábado, 28 de agosto de 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Matar a Culpa
Culpei este mundo e o outro pela minha doença…
Culpei os meus pais porque me fizeram cara pálida… quando eu devia ser índia.
Culpei o medico de família por não me ter assustado… mas fugi do médico que me assustou…
Toda a gente teria culpa do meu suicídio…menos eu… Queria eu acreditar nisto.
Devem estar a pensar porque motivo eu digo que ter um cancro é suicídio, pois bem, esta foi a conclusão mais sensata a que cheguei, poderá ser uma perspectiva errada, mas, foi a ela que me agarrei e foi ela que me consolou.
Pensei… pensei… pensei ... porquê cancro? Porque eu? Se eu não escolhi isto para mim porque sou eu a culpada?
O cancro é uma doença auto-destrutiva. O nosso corpo começa a auto-destruir-se, como tal isso é suicídio. Mas que motivo teria eu para, inconscientemente, ter vontade de me matar?
Peguei num papel e fiz uma retrospectiva da minha vida até então. Aconselho toda a gente a fazer isto de vez em quando.
Cheguei á conclusão que em Janeiro de 2009 eu era outra pessoa, eu estava a ir contra tudo aquilo em que acredito, eu estava a ser tudo aquilo que mais detesto.
Não sou perfeita mas sempre fui de paz, e eu estava em guerra.
Adoro rir, mas só me apetecia chorar.
Adoro estar com amigos, mas não saia do lado dos inimigos.
Eu que sempre fui de amor estava a alimentar-me de ódio.
Para quem me conhece, isto parece impossível, mas é a mais pura das verdades.
Para quem está a ler isto parece que a minha vida desmoronou. Pois é bem verdade, apesar de eu não me ter apercebido. E só agora olhando para traz consigo ver isso.
Eu tinha a família perfeita, os melhores amigos do mundo, o amor da minha vida... mas um emprego para o qual eu me arrastava todos os dias.
Sim é verdade! Basta uma pequenina coisa mal na nossa vida e tudo cai, tal como um castelo de cartas.
Eu amava os miúdos e graúdos que tinha na minha sala, eles sim faziam-me sorrir e era por eles que eu acordava todas as manhãs.
Nos primeiros meses aquele era sem dúvida o meu trabalho favorito, eu adorava o que fazia e era feliz.
Um dia sem darmos conta… lentamente… o ambiente mudou… as pessoas começaram a ser ambiciosas e maldosas. Começaram a haver discussões, bate bocas, todos começamos a andar de punhos fechados, de costas voltadas. Sem sabermos bem porque.
Eu comecei a odiar colegas, mas a ter medo de me afastar deles. Ao lado do inimigo estamos mais seguros.
O ódio dentro de mim trouxe uma enorme tristeza e com o tempo nem os meus meninos conseguiam fazer parar a dor que tinha dentro de mim.
De manhã sentia que não aguentava nem mais um dia… e no final do dia ia para casa a chorar porque já não conseguia dar o melhor de mim.
A podridão daquele ambiente começou por ocupar espaço na minha vida e eu, olhando agora para traz, percebo que já não era a mesma pessoa.
A menina Zen dos fumos e pós mágicos, como uma colega me chamava, acabou por se transformar numa pessoa revoltada com ódios, magoas e com vontade de vingança.
Para além de me transformar numa pessoa má e mesquinha, fizeram-me acreditar que era má profissional, que não tinha valor. O pior de tudo é que houve momentos em que eu acreditei mesmo que isto era verdade. Estava tão fraca que nem coragem tinha para virar as costas, para ir embora.
Um dia tudo mudou na minha vida, graças a um sábio de barbas brancas… Não posso revelar o nome mas ele existe.
Mostrou-me que eu era boa profissional, acreditou em mim, valorizou-me. Finalmente… ganhei um pouco de força… não para lutar, mas para fugir… e fugi… fugi daquele sítio, para sempre.
Acreditava em mim, mas ainda alimentei aquele ódio alguns meses, até saber que estava doente e até entender que fui eu que me deixei adoecer.
Eu deixei a minha alma apodrecer e como consequência o meu corpo começou a auto destruição… Cheguei a tempo e aprendi a lição… mas poderia ter sido tarde de mais.
Deixei para traz um grupo de crianças e graúdos que eu ainda hoje amo e de quem tenho tantas saudades que as vezes o meu peito aperta.
No fundo a culpa não foi de nenhum colega meu… foi só minha, eu é que me deixei corroer pela maldade dos outros… por isso… agora estou na paz… perdoei-me…
Mas quero também dizer que houve colegas que depois de eu fugir, mostraram o seu verdadeiro eu e surpreenderam-me, a esses eu agradeço a amizade… E aproveito para dizer que sim! Gosto de vocês.
A quem me fez sofrer eu desejo uma boa estadia nesta vida e deixo um conselho… “ Os outros são o espelho da nossa alma…tudo o que dizemos deles é simplesmente o que não aceitamos em nós”.
Conhece-te, ama-te e perdoa-te. Como qualquer ser humano mereces ser feliz.
Por isso meus amigos e leitores, fujam daquela família que não vos entende, fujam daquele relacionamento que morreu, fujam daquele emprego que vos mata…
Nós suportamos tudo a solidão, a fome, mas não suportamos a morte…
Podemos até acreditar que teremos mais vidas depois desta…será?
Esta é garantida.. é tua… agarra-a!!!!
Culpei os meus pais porque me fizeram cara pálida… quando eu devia ser índia.
Culpei o medico de família por não me ter assustado… mas fugi do médico que me assustou…
Toda a gente teria culpa do meu suicídio…menos eu… Queria eu acreditar nisto.
Devem estar a pensar porque motivo eu digo que ter um cancro é suicídio, pois bem, esta foi a conclusão mais sensata a que cheguei, poderá ser uma perspectiva errada, mas, foi a ela que me agarrei e foi ela que me consolou.
Pensei… pensei… pensei ... porquê cancro? Porque eu? Se eu não escolhi isto para mim porque sou eu a culpada?
O cancro é uma doença auto-destrutiva. O nosso corpo começa a auto-destruir-se, como tal isso é suicídio. Mas que motivo teria eu para, inconscientemente, ter vontade de me matar?
Peguei num papel e fiz uma retrospectiva da minha vida até então. Aconselho toda a gente a fazer isto de vez em quando.
Cheguei á conclusão que em Janeiro de 2009 eu era outra pessoa, eu estava a ir contra tudo aquilo em que acredito, eu estava a ser tudo aquilo que mais detesto.
Não sou perfeita mas sempre fui de paz, e eu estava em guerra.
Adoro rir, mas só me apetecia chorar.
Adoro estar com amigos, mas não saia do lado dos inimigos.
Eu que sempre fui de amor estava a alimentar-me de ódio.
Para quem me conhece, isto parece impossível, mas é a mais pura das verdades.
Para quem está a ler isto parece que a minha vida desmoronou. Pois é bem verdade, apesar de eu não me ter apercebido. E só agora olhando para traz consigo ver isso.
Eu tinha a família perfeita, os melhores amigos do mundo, o amor da minha vida... mas um emprego para o qual eu me arrastava todos os dias.
Sim é verdade! Basta uma pequenina coisa mal na nossa vida e tudo cai, tal como um castelo de cartas.
Eu amava os miúdos e graúdos que tinha na minha sala, eles sim faziam-me sorrir e era por eles que eu acordava todas as manhãs.
Nos primeiros meses aquele era sem dúvida o meu trabalho favorito, eu adorava o que fazia e era feliz.
Um dia sem darmos conta… lentamente… o ambiente mudou… as pessoas começaram a ser ambiciosas e maldosas. Começaram a haver discussões, bate bocas, todos começamos a andar de punhos fechados, de costas voltadas. Sem sabermos bem porque.
Eu comecei a odiar colegas, mas a ter medo de me afastar deles. Ao lado do inimigo estamos mais seguros.
O ódio dentro de mim trouxe uma enorme tristeza e com o tempo nem os meus meninos conseguiam fazer parar a dor que tinha dentro de mim.
De manhã sentia que não aguentava nem mais um dia… e no final do dia ia para casa a chorar porque já não conseguia dar o melhor de mim.
A podridão daquele ambiente começou por ocupar espaço na minha vida e eu, olhando agora para traz, percebo que já não era a mesma pessoa.
A menina Zen dos fumos e pós mágicos, como uma colega me chamava, acabou por se transformar numa pessoa revoltada com ódios, magoas e com vontade de vingança.
Para além de me transformar numa pessoa má e mesquinha, fizeram-me acreditar que era má profissional, que não tinha valor. O pior de tudo é que houve momentos em que eu acreditei mesmo que isto era verdade. Estava tão fraca que nem coragem tinha para virar as costas, para ir embora.
Um dia tudo mudou na minha vida, graças a um sábio de barbas brancas… Não posso revelar o nome mas ele existe.
Mostrou-me que eu era boa profissional, acreditou em mim, valorizou-me. Finalmente… ganhei um pouco de força… não para lutar, mas para fugir… e fugi… fugi daquele sítio, para sempre.
Acreditava em mim, mas ainda alimentei aquele ódio alguns meses, até saber que estava doente e até entender que fui eu que me deixei adoecer.
Eu deixei a minha alma apodrecer e como consequência o meu corpo começou a auto destruição… Cheguei a tempo e aprendi a lição… mas poderia ter sido tarde de mais.
Deixei para traz um grupo de crianças e graúdos que eu ainda hoje amo e de quem tenho tantas saudades que as vezes o meu peito aperta.
No fundo a culpa não foi de nenhum colega meu… foi só minha, eu é que me deixei corroer pela maldade dos outros… por isso… agora estou na paz… perdoei-me…
Mas quero também dizer que houve colegas que depois de eu fugir, mostraram o seu verdadeiro eu e surpreenderam-me, a esses eu agradeço a amizade… E aproveito para dizer que sim! Gosto de vocês.
A quem me fez sofrer eu desejo uma boa estadia nesta vida e deixo um conselho… “ Os outros são o espelho da nossa alma…tudo o que dizemos deles é simplesmente o que não aceitamos em nós”.
Conhece-te, ama-te e perdoa-te. Como qualquer ser humano mereces ser feliz.
Por isso meus amigos e leitores, fujam daquela família que não vos entende, fujam daquele relacionamento que morreu, fujam daquele emprego que vos mata…
Nós suportamos tudo a solidão, a fome, mas não suportamos a morte…
Podemos até acreditar que teremos mais vidas depois desta…será?
Esta é garantida.. é tua… agarra-a!!!!
Notícia Importante!
A pedido de várias pessoas, e como gosto de cumprir o que prometo, o meu blogue irá continuar!
Todas as segundas-feiras de manhã terão um novo post.
A minha missão daqui para frente é ajudar-vos a voçês e a mim a ser feliz.
A viver com saúde.
Quero ensinar-vos tudo o que aprendi nestes dois ultimos anos de busca de mim mesma.
Beijo.
Todas as segundas-feiras de manhã terão um novo post.
A minha missão daqui para frente é ajudar-vos a voçês e a mim a ser feliz.
A viver com saúde.
Quero ensinar-vos tudo o que aprendi nestes dois ultimos anos de busca de mim mesma.
Beijo.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Resultado Biopsia Ganglio Sentinela...
Lamento ter-vos feito esperar tanto... mas depois de voltar á minha vida normal tinha uma montanha de coisas que precisava fazer... Algumas delas vou falar-vos mais á frente...
Hoje venho para vós dar uma novidade....
O que vão ler a seguir é descrição da minha conversa com o medico do IPO que me está a acompanhar.
Dr.- Bom dia! Pode entrar esta é a minha colega Maria está em estágio e eu vou explicar-lhe a sua situação.
Lucy - Posso me sentar?
Dr. - Não! Pode se despir!
Eu dispo-me o Dr. chama a colega e começa a falar com ela.
Esta menina tinha um sinal na pele que aumentou de diametro, fez cirurgia, enviou a peça para analise e veio brinde.
Eu a ouvir isto e a pensar... Brinde... Tá doido... calhou-me a fava...
E o médico continua... Efectuamos 2º cirurgia com margem de segurança, e o ganglio sentinela... Pararam os dois a olhar para as minhas cicatrizes, ainda com pontos.
E ambos dizeram que estava com muito bom aspecto.
O médico mandou-me vestir, esticou-me a mão e disse-me:
Dr. - Bom o programa das festas é vir agora cá de 6 em 6 mêses.
Eu fiquei branca e amarela e azul... eu que não dormia nada de jeito á pelo menos dois mesês estava á espera de uma noticia importante e o médico cheio de gracinhas.
Com a cara mais deprimente do mundo disse-lhe:
- Dr. entã é o resultado da biopsia ao ganglio?
Responde ele com calma:
- À isso! Isso era mais que certo que ia ser negativo.
E foi assim que eu soube desta maravilhosa noticia... No fundo tanto eu como o médico e todas as pessoaas á minha volta esperavam o melhor e sabiam que isto não iria passar de um susto.
Obrigado a cada um de vós por terem estado do meu lado. Foram a minha âncora neste momento dificil.
E não pensem que o meu blog acaba aqui,nada disso. Agora é que vai começar a parte boa.
Com medo de morrer eu procurei mil formas de me manter saúdavel e decobri outras mil coisas que nos matam.
E é disso que vos vou falar daqui para a frente.
Já ouviram muitas vezes a frase "Não quero morrer saúdavel" pois eu digo-vos antes que quem não morre saúdavel, não vive saúdavel e viver doente não deveria ser a nossa opção.
Porque todos voçês me ajudaram com a vossa energia eu vou ajudar-vos e dar-vos umas dicas de como viver com saude... por muito... muito tempo...ou alguns segundos... mas felizes...
Bem o médico mereceu mesmo as porradas que lhe dei na operação.
Hoje venho para vós dar uma novidade....
O que vão ler a seguir é descrição da minha conversa com o medico do IPO que me está a acompanhar.
Dr.- Bom dia! Pode entrar esta é a minha colega Maria está em estágio e eu vou explicar-lhe a sua situação.
Lucy - Posso me sentar?
Dr. - Não! Pode se despir!
Eu dispo-me o Dr. chama a colega e começa a falar com ela.
Esta menina tinha um sinal na pele que aumentou de diametro, fez cirurgia, enviou a peça para analise e veio brinde.
Eu a ouvir isto e a pensar... Brinde... Tá doido... calhou-me a fava...
E o médico continua... Efectuamos 2º cirurgia com margem de segurança, e o ganglio sentinela... Pararam os dois a olhar para as minhas cicatrizes, ainda com pontos.
E ambos dizeram que estava com muito bom aspecto.
O médico mandou-me vestir, esticou-me a mão e disse-me:
Dr. - Bom o programa das festas é vir agora cá de 6 em 6 mêses.
Eu fiquei branca e amarela e azul... eu que não dormia nada de jeito á pelo menos dois mesês estava á espera de uma noticia importante e o médico cheio de gracinhas.
Com a cara mais deprimente do mundo disse-lhe:
- Dr. entã é o resultado da biopsia ao ganglio?
Responde ele com calma:
- À isso! Isso era mais que certo que ia ser negativo.
E foi assim que eu soube desta maravilhosa noticia... No fundo tanto eu como o médico e todas as pessoaas á minha volta esperavam o melhor e sabiam que isto não iria passar de um susto.
Obrigado a cada um de vós por terem estado do meu lado. Foram a minha âncora neste momento dificil.
E não pensem que o meu blog acaba aqui,nada disso. Agora é que vai começar a parte boa.
Com medo de morrer eu procurei mil formas de me manter saúdavel e decobri outras mil coisas que nos matam.
E é disso que vos vou falar daqui para a frente.
Já ouviram muitas vezes a frase "Não quero morrer saúdavel" pois eu digo-vos antes que quem não morre saúdavel, não vive saúdavel e viver doente não deveria ser a nossa opção.
Porque todos voçês me ajudaram com a vossa energia eu vou ajudar-vos e dar-vos umas dicas de como viver com saude... por muito... muito tempo...ou alguns segundos... mas felizes...
Bem o médico mereceu mesmo as porradas que lhe dei na operação.
terça-feira, 9 de março de 2010
Na casa de banho do IPO
A interminável noite chegou ao fim. O pequeno-almoço em breve estaria a caminho.
Eu já não conseguia aguentar mais a fome, penso que cheguei a ter alucinações ou então a sr.ª do lado levou, mesmo, a noite toda a ressonar.
Chegou o meu pequeno-almoço favorito. Café com leite e pão com manteiga. O néctar dos Deuses.
Estava na hora de levantar da cama, pela primeira vez, depois da operação. Um banho, bem bom, esperava por mim.
Mas naquele banho encontrei um campo de batalha, constituído por mulheres com super poderes.
Na casa de banho, apesar de os chuveiros serem individuais, antes de entrar e quando saiamos, dos chuveiros, ficávamos nuas, perto umas das outras. O que vi não vou esquecer, nunca mais.
Sempre que puder vou gritar aos quatros ventos, o que é o cancro e vou contar cada pormenor de tudo o que senti, vi e vivi. Porque devem vocês pensar! Porque nos humanos só cometemos erros, fazemos o que está errado e com orgulho dizemos, mas eu não quero viver para sempre ou melhor não quero morrer saudável. Sabem que mais, eu quero viver para sempre e quero morrer saudável, com trezentos anos de idade.
Só diz essas barbaridades quem nunca sentiu a morte bem de perto. Ou quem nunca viu, numa casa de banho feminina, onde a beleza deveria ser exposta sem pudor e sem vergonha, mulheres e miúdas, muitas na casa dos 20/30, mutiladas e envergonhadas, a tentar esconder o corpo. Com um olhar triste, como quem começou a guerra e já quer voltar para casa. O peso que carregam nos ombros é enorme, a responsabilidade de se manterem vivas, a felicidade de estarem vivas e o desgosto de não se sentirem sensuais e desejadas é impossivel descrever.
A verdade é que muitas delas, estavam curadas, sem peito, garganta, baço, fígado, apenas com algumas cicatrizes na pele, mas curadas “fisicamente” curadas.
Mas bem lá no fundo sabem o que eu vi? Na casa de banho do IPO eu vi mulheres bem bonitas, com cicatrizes sensuais, que fora dali, poderiam ser símbolo de uma revolta humanista ou femininista, uma vida de cowboys, de armas e facas de rixas e aventuras.
Para quem ficou sem peito, aproveitem a oportunidade e coloquem um peito bem bonito, de dar inveja ao mundo, para quem prefere ficar sem ele, em vez de se esconderem do mundo, choquem-no, mostrem aos mundo que nos somos imortais e estamos a sobreviver á maior guerra do século, o cancro.
Eu apesar de não puder apanhar sol, nunca mais, sempre que puder vou expor as minhas cicatrizes e sempre que me perguntarem porque as tenho, eu vou dizer que combati numa guerra dolorosa, onde as armas eram bisturis, vou mostra-las com orgulho, porque sempre que alguém as ver significa que estou viva e cada dia que passa eu ganho mais um dia.
Fora do IPO as nossas cicatrizes podem ser tudo aquilo que nos quisermos. E acreditem que podem ser bem sensuais e desejáveis.
Eu já não conseguia aguentar mais a fome, penso que cheguei a ter alucinações ou então a sr.ª do lado levou, mesmo, a noite toda a ressonar.
Chegou o meu pequeno-almoço favorito. Café com leite e pão com manteiga. O néctar dos Deuses.
Estava na hora de levantar da cama, pela primeira vez, depois da operação. Um banho, bem bom, esperava por mim.
Mas naquele banho encontrei um campo de batalha, constituído por mulheres com super poderes.
Na casa de banho, apesar de os chuveiros serem individuais, antes de entrar e quando saiamos, dos chuveiros, ficávamos nuas, perto umas das outras. O que vi não vou esquecer, nunca mais.
Sempre que puder vou gritar aos quatros ventos, o que é o cancro e vou contar cada pormenor de tudo o que senti, vi e vivi. Porque devem vocês pensar! Porque nos humanos só cometemos erros, fazemos o que está errado e com orgulho dizemos, mas eu não quero viver para sempre ou melhor não quero morrer saudável. Sabem que mais, eu quero viver para sempre e quero morrer saudável, com trezentos anos de idade.
Só diz essas barbaridades quem nunca sentiu a morte bem de perto. Ou quem nunca viu, numa casa de banho feminina, onde a beleza deveria ser exposta sem pudor e sem vergonha, mulheres e miúdas, muitas na casa dos 20/30, mutiladas e envergonhadas, a tentar esconder o corpo. Com um olhar triste, como quem começou a guerra e já quer voltar para casa. O peso que carregam nos ombros é enorme, a responsabilidade de se manterem vivas, a felicidade de estarem vivas e o desgosto de não se sentirem sensuais e desejadas é impossivel descrever.
A verdade é que muitas delas, estavam curadas, sem peito, garganta, baço, fígado, apenas com algumas cicatrizes na pele, mas curadas “fisicamente” curadas.
Mas bem lá no fundo sabem o que eu vi? Na casa de banho do IPO eu vi mulheres bem bonitas, com cicatrizes sensuais, que fora dali, poderiam ser símbolo de uma revolta humanista ou femininista, uma vida de cowboys, de armas e facas de rixas e aventuras.
Para quem ficou sem peito, aproveitem a oportunidade e coloquem um peito bem bonito, de dar inveja ao mundo, para quem prefere ficar sem ele, em vez de se esconderem do mundo, choquem-no, mostrem aos mundo que nos somos imortais e estamos a sobreviver á maior guerra do século, o cancro.
Eu apesar de não puder apanhar sol, nunca mais, sempre que puder vou expor as minhas cicatrizes e sempre que me perguntarem porque as tenho, eu vou dizer que combati numa guerra dolorosa, onde as armas eram bisturis, vou mostra-las com orgulho, porque sempre que alguém as ver significa que estou viva e cada dia que passa eu ganho mais um dia.
Fora do IPO as nossas cicatrizes podem ser tudo aquilo que nos quisermos. E acreditem que podem ser bem sensuais e desejáveis.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Lucy Rambo - Part 1
Já terminou? Mas...não me doi as costas, nem a axila e já terminou?
Isto deve ser a anestesia geral eu estou a sonhar... só pode.
Este pensamento surgiu em fração de segundos. Rapidamente começei a sentir um calor enorme, uma vontade enorme de vomitar e uma dor na garganta insuportável.
Lentamente, joquei as maõs á garganta, pensei que se tinham enganado e me tinham operado no sitio errado. Ainda não tinha chegado com a mão á garganta o enfermeiro olhou para mim e disse, " Não se preocupe, doi-lhe a garganta de ser entubada eu já sei que está com calor vou já desligar o cobertor e não se preocupe que a nausea vai passar num minuto." Mais uma vez pensei que estava a sonhar, como é que ele sabia aquilo tudo se eu nem tinha falado. Deve ter um enfermeiro com poderes psiquicos, deve ser um anjo.
Num minuto a anestesista veio ter comigo, meiga como sempre, faz-me uma festa na cara e diz. " a menina tem muito mau acordar, quando a tiramos da anestesia deu-me uma estalada daquelas. Bateu nos médicos, nos enfermeiros e tivemos que chamar o maior enfermeiro que temos para a conseguir segurar...", lá atrás o enfermeiro anjo, num gesto tentou exemplificar o tamanho do enfermeiro que me segurou. Por segundo fiquei orgulhosa de mim mesma... assim é que é... Eu disse-vos que tinha batido em alguem e por sinal não foi só numa pessoa, era um gang com facas na mão e eu dei conta deles.
Só é pena eu não me lembrar de nada disso, teria sido o momento mais hilariante da minha visita ao IPO.
Uma hora passou, e eu estava acompanhada da minha batida cardiaca, aquele som lindo de um coração a bater normal, calmo e compassado, informaram-me que me iam levar de volta para o quarto, para eu puder ver a minha familia.
Nestes primeiros momentos lembro-me de pouca coisa, não me lembro de quem me levou de volta, não me lembro de subir o elevador, só me lembro de estar no quarto e ver o meu namorado. Lembro-me do que lhe disse ... "Liga á Beky e diz que não tive sonhos eroticos." De resto lembro-me de pouca coisa.
Dormi, dormi, dormi, e quando acordei, pensando eu que seriam umas sete da manhã, e que o pequeno almoço estava a chegar, entra o enfermeiro do turno da meia noite. Afinal só tinham passado 5 horas, a noite ainda estava a começar e eu já tinha o rabo e os braços dormentes. A única coisa boa sem dúvida era o tramal... Tramal:1 Dores:0.
Foi a noite mais longa da minha vida...
Isto deve ser a anestesia geral eu estou a sonhar... só pode.
Este pensamento surgiu em fração de segundos. Rapidamente começei a sentir um calor enorme, uma vontade enorme de vomitar e uma dor na garganta insuportável.
Lentamente, joquei as maõs á garganta, pensei que se tinham enganado e me tinham operado no sitio errado. Ainda não tinha chegado com a mão á garganta o enfermeiro olhou para mim e disse, " Não se preocupe, doi-lhe a garganta de ser entubada eu já sei que está com calor vou já desligar o cobertor e não se preocupe que a nausea vai passar num minuto." Mais uma vez pensei que estava a sonhar, como é que ele sabia aquilo tudo se eu nem tinha falado. Deve ter um enfermeiro com poderes psiquicos, deve ser um anjo.
Num minuto a anestesista veio ter comigo, meiga como sempre, faz-me uma festa na cara e diz. " a menina tem muito mau acordar, quando a tiramos da anestesia deu-me uma estalada daquelas. Bateu nos médicos, nos enfermeiros e tivemos que chamar o maior enfermeiro que temos para a conseguir segurar...", lá atrás o enfermeiro anjo, num gesto tentou exemplificar o tamanho do enfermeiro que me segurou. Por segundo fiquei orgulhosa de mim mesma... assim é que é... Eu disse-vos que tinha batido em alguem e por sinal não foi só numa pessoa, era um gang com facas na mão e eu dei conta deles.
Só é pena eu não me lembrar de nada disso, teria sido o momento mais hilariante da minha visita ao IPO.
Uma hora passou, e eu estava acompanhada da minha batida cardiaca, aquele som lindo de um coração a bater normal, calmo e compassado, informaram-me que me iam levar de volta para o quarto, para eu puder ver a minha familia.
Nestes primeiros momentos lembro-me de pouca coisa, não me lembro de quem me levou de volta, não me lembro de subir o elevador, só me lembro de estar no quarto e ver o meu namorado. Lembro-me do que lhe disse ... "Liga á Beky e diz que não tive sonhos eroticos." De resto lembro-me de pouca coisa.
Dormi, dormi, dormi, e quando acordei, pensando eu que seriam umas sete da manhã, e que o pequeno almoço estava a chegar, entra o enfermeiro do turno da meia noite. Afinal só tinham passado 5 horas, a noite ainda estava a começar e eu já tinha o rabo e os braços dormentes. A única coisa boa sem dúvida era o tramal... Tramal:1 Dores:0.
Foi a noite mais longa da minha vida...
segunda-feira, 1 de março de 2010
O momento da verdade...
Deitada na maca e a caminho do 2º piso, lá estava eu acompanhada por duas simpáticas enfermeiras.
A cada segundo que o elevador levava a descer começei a sentir-me um pouco nervosa, como asmática que sou a minha respiração começou a ficar dificil, as enfermeiras deram conta e começaram a respirar fundo comigo. Com muita calma e muita simpatia, fizeram tudo para eu me controlar e voltar ao meu estado de calmaria. Não podia ficar com falta de ar ou então não poderia ser operada, e isso estava fora de questão, eu queria e tinha mesmo que ser operada nesse dia.
Levaram-me para uma sala para me preparar. Outra enfermeira veio e informou-me que ia buscar o soro para me colocar, quando o inesperado acontece, uma criança de mais ou menos um ano de idade entra de urgência no bloco. Um enfermeiro veio informar que teriam que preparar o menino para a cirurgia. Uma criança linda, inocente, completamente carequinha,da quimio, e com carinha de quem estava cansado de viver. Ao longo de toda esta minha caminhada nada me fez doer mais o coração que esta criança. E o sofrimento daquela mãe agarrada ao filho, a chorar em silêncio, para o menino não perceber.
Se em algum momento duvidei que existisse algum Deus, seja ele qual for, foi nesse momento.
A enfermeira veio me informar que tinham uma urgência e que eu tinha que esperar mais um pouco.Ela percebeu que estava nervosa ao ver aquela criança e aquele sofrimento, ficou ali do meu lado, a falar e tudo e mais alguma coisa para me distrair.
Nesse momento em que me sentia incrédula, apesar de todas as vezes e pessoas que me dzeram que Deus estaria comigo, tentei com toda a força voltar a acreditar em alguma coisa e não conseguia, foi então que pensei, numa coisa muita sábia que tenho vindo a acreditar cada vez mais, que todos nos somos Deus, e foi então que se fez luz.
No meio da conversa da enfermeira, que eu nem estava a ouvir, eu pensei em todas as pessoas que eu sabia que estavam a pensar em mim naquele momento. Não digo isto por cortesia, digo porque é mesmo verdade, eu senti a mão de todos os meus amigos e familia a tocar-me, lembrei de todas as palavras doces que todos me disseram. Na minha cabeça eu entendi o quanto era importante para cada um deles. Senti um calor magnifico, uma calma que não sei explicar, quando de repente sinto uma mão fria a tocar-me e a dizer " não acredito vai ser operada e estava a dormir, muito bem é dessa calma que precisamos". Era a anestesista e a enfermeira que me vinha colocar o soro. Estava na hora.
Pois é eu não sei se realmente adormeci ou não mas sei sim que os meus amigos e familia estavam todos do meu lado, eu senti, senti mesmo. E agradeço-vos a todos por isso. Enquanto pensavam em mim eu senti-vos, voçês foram o meu Deus, a minha força e estiveram sempre comigo.
Entrei no bloco operatório, que gelo, parecia que estava no polo norte. Mudaram-me para maca onde me iriam operar. E a anestesista começou o seu trabalho.
Perguntou-me a idade, se tinha filhos, eu disse-lhe que não tinha e não queria ter por enquanto, porque queria viajar, ao que ela responde "então agora vai fazer uma viagem". Quando lhe vou responder, ouço alguem dizer, " lucy tenha calma a sua operação terminou e correu tudo bem"... O quê? terminou? já? mas eu tinha ainda que responder á anestesista eu até tinha ainda coisas para lhe perguntar... Eu penso que este foi o motivo pelo qual agora quero dizer tudo a toda a gente, detestei ter ficado com coisas por dizer.
" Isto uma viagem, porque? Vou sonhar durante a anestesia, vou imaginar que estou noutro sitio, vai ser divertido? Vou ver o tunel, a luz, vou-me imaginar fora do meu corpo e ver a operação?"
Era tudo isto que eu queria dizer á anestesista e quando ia dizer já sabia as respostas todas. Não vi nada, não viajei nada, foi uma ausência total, foram duas horas de nada, branco, vazio. Se ela sabia isso, porque é que me disse que eu ia fazer uma viagem, o que será que ela sabe e eu não, que viagem foi essa que não me lembro de nada?
... Agora sei que ela tinha razão, foi mesmo uma viagem, depois eu conto-vos...
A cada segundo que o elevador levava a descer começei a sentir-me um pouco nervosa, como asmática que sou a minha respiração começou a ficar dificil, as enfermeiras deram conta e começaram a respirar fundo comigo. Com muita calma e muita simpatia, fizeram tudo para eu me controlar e voltar ao meu estado de calmaria. Não podia ficar com falta de ar ou então não poderia ser operada, e isso estava fora de questão, eu queria e tinha mesmo que ser operada nesse dia.
Levaram-me para uma sala para me preparar. Outra enfermeira veio e informou-me que ia buscar o soro para me colocar, quando o inesperado acontece, uma criança de mais ou menos um ano de idade entra de urgência no bloco. Um enfermeiro veio informar que teriam que preparar o menino para a cirurgia. Uma criança linda, inocente, completamente carequinha,da quimio, e com carinha de quem estava cansado de viver. Ao longo de toda esta minha caminhada nada me fez doer mais o coração que esta criança. E o sofrimento daquela mãe agarrada ao filho, a chorar em silêncio, para o menino não perceber.
Se em algum momento duvidei que existisse algum Deus, seja ele qual for, foi nesse momento.
A enfermeira veio me informar que tinham uma urgência e que eu tinha que esperar mais um pouco.Ela percebeu que estava nervosa ao ver aquela criança e aquele sofrimento, ficou ali do meu lado, a falar e tudo e mais alguma coisa para me distrair.
Nesse momento em que me sentia incrédula, apesar de todas as vezes e pessoas que me dzeram que Deus estaria comigo, tentei com toda a força voltar a acreditar em alguma coisa e não conseguia, foi então que pensei, numa coisa muita sábia que tenho vindo a acreditar cada vez mais, que todos nos somos Deus, e foi então que se fez luz.
No meio da conversa da enfermeira, que eu nem estava a ouvir, eu pensei em todas as pessoas que eu sabia que estavam a pensar em mim naquele momento. Não digo isto por cortesia, digo porque é mesmo verdade, eu senti a mão de todos os meus amigos e familia a tocar-me, lembrei de todas as palavras doces que todos me disseram. Na minha cabeça eu entendi o quanto era importante para cada um deles. Senti um calor magnifico, uma calma que não sei explicar, quando de repente sinto uma mão fria a tocar-me e a dizer " não acredito vai ser operada e estava a dormir, muito bem é dessa calma que precisamos". Era a anestesista e a enfermeira que me vinha colocar o soro. Estava na hora.
Pois é eu não sei se realmente adormeci ou não mas sei sim que os meus amigos e familia estavam todos do meu lado, eu senti, senti mesmo. E agradeço-vos a todos por isso. Enquanto pensavam em mim eu senti-vos, voçês foram o meu Deus, a minha força e estiveram sempre comigo.
Entrei no bloco operatório, que gelo, parecia que estava no polo norte. Mudaram-me para maca onde me iriam operar. E a anestesista começou o seu trabalho.
Perguntou-me a idade, se tinha filhos, eu disse-lhe que não tinha e não queria ter por enquanto, porque queria viajar, ao que ela responde "então agora vai fazer uma viagem". Quando lhe vou responder, ouço alguem dizer, " lucy tenha calma a sua operação terminou e correu tudo bem"... O quê? terminou? já? mas eu tinha ainda que responder á anestesista eu até tinha ainda coisas para lhe perguntar... Eu penso que este foi o motivo pelo qual agora quero dizer tudo a toda a gente, detestei ter ficado com coisas por dizer.
" Isto uma viagem, porque? Vou sonhar durante a anestesia, vou imaginar que estou noutro sitio, vai ser divertido? Vou ver o tunel, a luz, vou-me imaginar fora do meu corpo e ver a operação?"
Era tudo isto que eu queria dizer á anestesista e quando ia dizer já sabia as respostas todas. Não vi nada, não viajei nada, foi uma ausência total, foram duas horas de nada, branco, vazio. Se ela sabia isso, porque é que me disse que eu ia fazer uma viagem, o que será que ela sabe e eu não, que viagem foi essa que não me lembro de nada?
... Agora sei que ela tinha razão, foi mesmo uma viagem, depois eu conto-vos...
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