quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A Minha Primeira Operação!

Como devem calcular até ao dia da operação não dormi nada de nada. Mas recusava-me a falar no assunto.
Na minha cabeça a única coisa que eu tinha a certeza é que queria que me tirassem aquela coisa das costas.
Nesta altura, ainda nenhum dos meus amigos sabia de nada. Afinal digam-me como é que se conta uma coisa destas a um amigo. Olá tudo bem? Como vai a vida? Tenho cancro. Beijo. Foi por isto que não vos disse antes, desculpem-me. Na verdade até há pouco tempo tinha um medo horroroso de dizer a palavra cancro.
Decidi não ir procurar nada na Internet, quanto menos souber melhor.
No dia 3 de Dezembro lá estava eu ás 14h horas, na sala de espera, ansiosa, com medo, e a rir ás gargalhadas sabem como eu sou?
O médico chama-me, um Sr. com um sorriso tão doce e lindo que me só de olhar para ele fiquei mais calma. Pediu que me sentasse e lá começou o interrogatório.
Antes sequer de ver o sinal e depois de eu lhe ter contar o que o outro médico tinha dito, ele explicou-me com muito detalhe o que iria acontecer, caso o meu sinal fossa na verdade um cancro de pele.
Explicou-me que me iria retirar o sinal, com anestesia local e com alguma margem. Depois iria enviar o sinal para um laboratório para efectuar a biopsia. Se a biopsia informasse que era maligno, então iriam ter me operar de novo e retirar com mais margens de segurança e dependendo do tamanho da lesão poderiam ter que efectuar outra operação para retirar um gânglio. Parou de explicar ai e disse que tínhamos que ir um passo de cada vez. Não era necessário avançar mais até porque cada caso é um caso.
Só então depois desta lengalenga toda o Sr. Dr. Pediu para ver o meu sinal. Não comentou nada de especial, apenas disse que teríamos mesmo que o remover uma vês que cresceu de tamanho e tinha algumas alterações na sua forma.
Pediu que preparassem a sala e lá fui eu. Deixaram a minha mãe assistir. Foi muito bom, senti-me mais calma.
Deitada na maca, o médico começa a preparar a anestesia. A assistente era um amor.
Bom, que horror, estar acordada de costas a sentir aquele liquido a entrar pelo meu corpo a dentro. Cada vez que ele picava eu sentia um peso maior, nas minhas costas. A certa altura, eu tinha a sensação que me tinham colocado, em cima, uma manta daquelas antigas, muito pesadas. Para o médico era bom sinal, significava que o local estava anestesiado. Então colaram-me um papel nas costas e lá começou a operação.
Não me consigo esquecer do som que aquela lâmina fazia ao cortar a minha carne, eu não sentia dor, mas, tinha a sensação que o médico estava a cortar rolhas de cortiça em cima das minhas costas. O meu coração começou a acelerar e lá tive que pedir ao médico para parar. Estava a sentir-me tão mal que já nem conseguia ouvir o que a minha mãe estava a dizer. E olhem que ela não se calou um minuto… nem um…
A operação teve que continuar. Não senti a linha a trespassar meu corpo mas senti-a o médico a puxar a linha. Que estranho, não quero repetir.
Finalmente acabou, podia ir para casa, sentia-me tão bem, tão mais leve. Claro, levei uns 30 pontos, tirou-me um bocado de carne enorme, claro que estava mais leve.
Dores, quais dores? Nenhumas, sai do hospital com vontade de ir dar um pezinho de dança.
Da minha casa ao hospital são 30 min. de caminho, quando cheguei a casa as dores eram horríveis, a anestesia tinha passado, e eu estava de volta à realidade, dores, dores, dores, analgésico, analgésico, analgésico.

2 comentários:

  1. Quando te ouvi ao telefone entrei em pânico e só me apetecia te bater... pensei porque não me tinhas chamado antes para partilhar essa dor comigo pois seria mais fácil para ti!!!
    Mas miguita tás "desculpada"
    um bjo grande <3

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  2. quando soube pensei em tudo e em nada,so queria estar ao pe de ti como dantes...nao te condeno por nao me teres contado,compreendo pk...nao deveria ter te abandonado um dia...so soube ha cerca de 1 mes e fiquei de rastos...mas estou ca sempre ....beijos nina

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