terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Consulta no IPO Lisboa

No dia 21 de Dezembro, lá ia eu a caminho do IPO para a minha consulta de cirurgia de melanoma.
Até ao dia da consulta mantive-me calma, sentia me triste e sem esperança, mas tentava não pensar no assunto.
Mas ao atravessar a ponte Vasco da Gama, senti um aperto no Coração. Comecei a imaginar o que o médico me poderia dizer e como devem calcular tudo o que me vinha à cabeça era “ você tem mais uns meses de vida” ou “não podemos fazer mais nada por si”. Durante uns minutos senti que estava a ter um ataque de pânico em silêncio. Não queria de modo algum partilhar os meus pensamentos mórbidos com a minha família, que estava talvez tão em pânico como eu.
À medida que íamos chegando perto do IPO eu sentia o meu pensamento a acelerar e o meu coração abrandar, a minha sentença ia ser ditada.
Chegamos. Ao contrario do que eu pensava, na ala de consulta de cirurgia de melanoma, não vi ninguém com aspecto de doente, magros e sem cabelo, era simplesmente uma sala de espera normal com gente normal, que tal como eu, deviam apenas esperar um veredicto.
Calculo que todos eles estariam tão em pânico como eu, mas todos naquela sala estamos a sofrer em silencio, um silencio quase tão profundo como a doença que todos partilhávamos, um cancro, silencioso, sorrateiro, que aparece sem dores, sem tonturas, sem enjoos, sem sintomas, mas, que quando chega arrasa todas as nossas esperanças, crenças e futuro…
Lá ao fundo, passa um médico, alto, moreno na casa dos 30, entre piadas acerca da beleza do médico e o nervosismo, lá percebemos que aquela era o médico para o qual eu tinha consulta.
Era chegada a hora, o médico mandou entrar, não pensei em mais nada, nem bom nem mau, estava a guardar as forças escutar a minha sentença.
Pois é afinal, o medo era tanto que só no final da consulta cheguei à conclusão que ouve muitas palavras que o médico não uso, tais como quimioterapia, radioterapia, morrer, nada feito, alias tudo o que o médico me disse era positivo e cheio de esperança.
Ele começou por me explicar o tipo de melanoma que eu tinha. Disse-me que o passo que teríamos que seguir, era efectuar um alargamento das margens à volta da minha última cirurgia e retirar um gânglio, possivelmente debaixo da axila, para enviar para analise,. Eles chamam de gânglio sentinela, no meu caso ia ser feito o melanoma tinha mais que 1mm.
E pronto este era o veredicto, uma nova cirurgia, desta vez mais profunda e com anestesia geral. Mais uma preocupação para mim, anestesia geral… enfim… mais uma experiência….

Ouve algo muito importante que o médico disse " cada caso é um caso" e acreditar é meio caminho para a cura... Não me esqueçerei nunca...

3 comentários:

  1. Apesar de, numa situação dessas, ser difícil acreditar no que quer que seja, o teu médico tinha toda a razão :)

    Beijo*

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  2. força sem fim. jinhos ********************************************************************************************************************************************************************************************************************************************

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  3. Um abraçooo daqueles(bem apertados) cheio de força e miminho para ti.
    Bjooooo nina

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